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A Literatura Brasileira no Início da Colonização Portuguesa: O Quinhentismo

 


Em 1500, quando os portugueses aportaram em terras brasileiras, a literatura ainda não existia como a conhecemos hoje. As sociedades indígenas, detentoras de rica tradição oral, não utilizavam a escrita como forma de registrar suas histórias, crenças e costumes. A chegada dos colonizadores europeus, com sua cultura letrada, marcaria o início de um novo capítulo na história cultural do Brasil, dando origem à literatura brasileira.

O Quinhentismo: A literatura brasileira no período colonial (1500-1822) é marcada por três grandes movimentos: Quinhentismo, Barroco e Arcadismo. O Quinhentismo, que se estende do descobrimento até o final do século XVI, é caracterizado pela predominância de textos informativos e descritivos, com foco na exploração da nova terra e na catequese dos indígenas.

Autores e Obras: Entre os principais autores quinhentistas, podemos destacar:

  • Pero Vaz de Caminha: Sua "Carta a D. Manuel" (1500) é considerada o marco inicial da literatura brasileira, narrando o primeiro contato dos portugueses com o Brasil.
  • José de Anchieta: Padre jesuíta, Anchieta dedicou-se à catequese dos indígenas, escrevendo poemas, peças de teatro e textos religiosos em português e tupi. Sua obra mais conhecida é o poema épico "Poema da Virgem" (1563).
  • Gregório de Matos: Conhecido como "Boca do Inferno", Matos foi um poeta satírico que criticava os costumes da sociedade colonial. Sua obra "A Jesus Cristo Nosso Senhor" (1698) é um exemplo de sua poesia mordaz.

Literatura Informativa: A literatura informativa teve grande importância no Quinhentismo, com relatos de viagens, expedições e descrições da terra e seus habitantes. Entre os autores desse gênero, podemos destacar:

  • Pero Magalhães Gândavo: Autor da "História da Terra do Brasil" (1576), um dos primeiros relatos sobre a fauna, flora e costumes indígenas.
  • Fernão Cardim: Jesuíta que escreveu "Tratado da Terra e Gente do Brasil" (1583), com informações sobre a vida social e religiosa dos indígenas.
  • Hans Staden: Alemão que viveu entre os indígenas e narrou suas experiências em "Duas Viagens ao Brasil" (1557).

Literatura Catequética: A catequese dos indígenas foi um dos principais objetivos da colonização portuguesa. Os jesuítas, como Anchieta, usaram a literatura como ferramenta de evangelização, escrevendo textos religiosos e peças de teatro em língua tupi.

O Papel da Igreja: A Igreja Católica teve um papel fundamental no desenvolvimento da literatura colonial. As missões jesuíticas foram responsáveis pela educação formal no Brasil e pela produção de grande parte da literatura do período.

Características da Literatura Quinhentista:

  • Predominância de textos informativos e descritivos;
  • Foco na exploração da terra e na catequese dos indígenas;
  • Influência da literatura portuguesa;
  • Uso da língua portuguesa com algumas adaptações à realidade brasileira.

Conclusão: A literatura brasileira no Quinhentismo foi marcada por sua função documental e catequética. Apesar da forte influência portuguesa, autores como Anchieta e Caminha iniciaram a construção de uma identidade literária própria, lançando as bases para o desenvolvimento da literatura brasileira nos séculos seguintes.

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