O cordel, também conhecido como literatura de cordel, literatura de folhetos ou literatura de feira, é uma forma de poesia popular brasileira caracterizada pela oralidade, pela rima e pela utilização de folhetos impressos. Essa arte milenar, com raízes na Europa medieval, encontrou um terreno fértil no Brasil, onde se adaptou à cultura local e se tornou um importante patrimônio cultural brasileiro.
Raízes Históricas:
As origens do cordel remontam à tradição oral europeia, com destaque para os romances de cavalaria e as canções de gesta. Com a chegada da imprensa na Europa no século XV, essas histórias passaram a ser impressas em folhetos baratos e acessíveis à população em geral. Essa prática se difundiu pelo mundo, inclusive no Brasil, onde o cordel se consolidou como uma forma de literatura popular.
Características do Cordel:
O cordel se caracteriza por diversos elementos que o tornam único e especial. Entre os principais, podemos destacar:
- Oralidade: O cordel é, antes de tudo, uma arte oral. As histórias são contadas e cantadas de forma improvisada, geralmente em feiras, mercados e outros espaços públicos.
- Rima: A rima é um elemento fundamental do cordel. As estrofes são geralmente compostas por versos sexassílabos (com seis sílabas poéticas) que rimam entre si.
- Folhetos: As histórias de cordel são impressas em folhetos baratos e coloridos, geralmente adornados com gravuras xilográficas. Esses folhetos são vendidos em feiras, mercados e outros locais, tornando a literatura de cordel acessível à população em geral.
- Temas: Os temas abordados no cordel são bastante variados, abrangendo desde histórias de amor e aventura até críticas sociais e políticas. É comum encontrar cordeis que tratam de temas da vida cotidiana do povo brasileiro, como a seca, a fome e a violência.
- Linguagem: A linguagem do cordel é coloquial e popular, utilizando expressões e termos próprios da cultura brasileira. Essa característica torna o cordel acessível a um público amplo e contribui para sua identificação com a cultura popular brasileira.
Exemplos de Cordelistas:
Ao longo da história, diversos cordelistas se destacaram por sua contribuição para essa arte popular. Entre os mais famosos, podemos citar:
- José de Alencar: Considerado um dos maiores autores da literatura brasileira, Alencar também escreveu diversos cordeis.
- Manuel Bernabe: Cordelista pernambucano, conhecido por seus poemas satíricos e humorísticos.
- Zé do Norte: Cordelista cearense, autor de mais de 2.000 folhetos.
- Lupércio Ramalho: Cordelista paraibano, conhecido por seus poemas sobre temas sociais e políticos.
- Patativa do Alvorião: Cordelista cearense, considerado um dos maiores poetas populares do Brasil.
O Cordel nos Dias Atuais:
Apesar das mudanças sociais e tecnológicas que o Brasil viveu nas últimas décadas, o cordel ainda se mantém vivo e pulsante. Diversos cordelistas continuam escrevendo e recitando seus poemas, preservando essa importante tradição cultural. Além disso, novas iniciativas têm surgido para promover o cordel e torná-lo ainda mais acessível ao público, como a criação de websites e blogs especializados, a realização de festivais e concursos de cordel e a publicação de livros de cordel para crianças.
Conclusão:
O cordel é uma arte popular rica e vibrante que faz parte da identidade cultural brasileira. Através de seus versos simples e melodiosos, o cordel conta histórias, denuncia injustiças e celebra a vida. É importante preservar e valorizar essa tradição cultural, garantindo que ela continue a encantar e inspirar as novas gerações.
Para saber mais:
- Site da Academia Brasileira de Literatura de Cordel: https://www.ablc.com.br/
- Blog Cordelando: http://cordelando389.blogspot.com/
- Livro "O Cordel: Uma Arte Popular Brasileira": https://www.scielo.br/j/interc/a/WCK6SN7HtZHjWgPVr8V44ZQ/?lang=en
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