A língua portuguesa, em sua rica complexidade, apresenta diversas nuances e regras que, por vezes, podem gerar dúvidas e incertezas. No entanto, dominar o idioma é essencial para se comunicar com clareza e fluidez, seja na vida pessoal, profissional ou acadêmica. Pensando nisso, este artigo apresenta um guia prático com os principais erros de português do dia a dia, desmistificando conceitos e aprimorando sua escrita e comunicação.
Crase: A União que Faz a Diferença
A crase, representada pelo acento grave (à), surge da fusão da preposição "a" com os pronomes pessoais "a", "as", "o" e "os". Dominá-la exige atenção aos contextos:Combinações com "a":
Acentuação: "Vou à escola" (preposição "a" + pronome pessoal "a").
Crase com verbos: "Assisti ao filme" (preposição "a" + pronome pessoal "o").
Combinações com "as":
Acentuação: "Falarei às amigas" (preposição "a" + pronome pessoal "as").
Crase com verbos: "Apresentei as músicas às crianças" (preposição "a" + pronome pessoal "as").
Combinações com "o" e "os":
Acentuação: "Direcionei-me ao parque" (preposição "a" + pronome pessoal "o").
Crase com verbos: "Dê os livros ao professor" (preposição "a" + pronome pessoal "os").
Porquês: Desvendando os Mistérios
A palavra "porquê" pode funcionar como substantivo, advérbio ou conjunção causal, exigindo grafias distintas:Porquê (substantivo): Indica o motivo, a razão. "O porquê da sua decisão ainda é um mistério."
Porque (conjunção causal): Introduz a causa de algo. "Não fui à festa porque estava doente."
Por quê (advérbio interrogativo): Formula uma pergunta sobre o motivo. "Por quê você não me disse?"
Mal e Mau
Uma Dupla Confusa
Mal (advérbio): Indica o oposto de "bem". "O time jogou mal na partida."
Mau (adjetivo): Indica o oposto de "bom". "Ele tinha um mau humor naquele dia."
Onde e Aonde: Cada Um em Seu Lugar
Onde (advérbio interrogativo e locativo): Usado em perguntas e para indicar local. "Onde você mora?" "Fiquei onde estava."
Aonde (advérbio interrogativo e locativo): Usado em perguntas e para indicar movimento para um local. "Aonde você vai agora?" "Vou ao cinema."
Acento Diferenciado: Percepção Aguçada
Perceber (verbo): Perceber algo com os sentidos. "Percebi que ele estava triste."
Perceber (verbo): Realizar, executar. "Vou perceber o pagamento amanhã."
Supermercado (substantivo): Loja de venda de produtos alimentícios e outros artigos. "Fui ao supermercado."
Super-homem (substantivo): Herói com poderes sobre-humanos. "O Super-homem salvou o dia."
Ç: Um Toque Especial
O uso do ç ocorre apenas antes das vogais "a", "o" e "u". Atenção:
Nunca antes de "e" e "i": "Receita", "paciente".
Cuidado com as palavras com "c": "açúcar", "içara".
Seja e Esteja: Evitando Confusões
Seja (conjunção subordinativa adverbial): Introduz orações concessivas, condicionais e finais. "Seja como for, vou tentar."
Esteja (verbo estar): Indica situação no presente. "Ele está feliz."
Agente e A Gente: Diferenciais Sutis
Agente (pronome indefinido): Refere-se a uma pessoa ou grupo indeterminado. "Precisamos de um agente para resolver isso."
A gente (pronome): Equivale a "nós". "A gente vai ao cinema hoje?"
Lembre-se de que “agente” refere-se a uma pessoa que age, enquanto “a gente” é uma forma informal de dizer “nós”.
Errado: Quando agente chegou, todos fugiram.
Certo: Quando a gente chegou, todos fugiram.
Regência do verbo “assistir”:
O verbo “assistir”, no sentido de ver ou presenciar, exige a preposição “a”.
Errado: Ontem à noite, assisti o jogo.
Certo: Ontem à noite, assisti ao jogo.
Uso do verbo “ter” no lugar de “haver”: O verbo “ter” não é sinônimo de “existir”.
Errado: Aqui em casa tem muita barata.
Certo: Aqui em casa há muita barata.
Crase antes de verbo:
Não ocorre crase diante de verbo.
Errado: Calças à partir de cem reais.
Certo: Calças a partir de cem reais.
Beneficiente e beneficente:
A forma correta é “beneficente”.
Errado: O cantor fez um show beneficiente.
Certo: O cantor fez um show beneficente.
“Impecilho” e “empecilho”:
A forma correta é “empecilho”.
Errado: Sempre encontro impecilhos para as minhas vontades.
Certo: Sempre encontro empecilhos para as minhas vontades.
“Previlégio” e “privilégio”:
A forma correta é “privilégio”.
Errado: Algumas pessoas não admitem os seus previlégios.
Certo: Algumas pessoas não admitem os seus privilégios.
Mais e mas:
“Mais” é um advérbio de intensidade, enquanto “mas” é uma conjunção adversativa.
Errado: Eu queria partir, mais não tinha aonde ir.
Certo: Eu queria partir, mas não tinha aonde ir.
Regência do verbo “ir”:
O verbo “ir” exige a preposição “a”.
Errado: Geraldo foi na padaria e não voltou.
Certo: Geraldo foi à padaria e não voltou.
Lembre-se: o aprendizado é contínuo, e a língua portuguesa é um universo fascinante para se explorar!

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