Uma cidadezinha, aconchegante e pacata,
Anabela, a moça, era o centro da galáxia,
Em Sambanópolis, um amor era a disputa.
Dois rapazes a amavam, numa paixão que os fez ir à luta.
Cabelos de ébano, olhos de mel que nos faz lembrar,
Sorriso que a flor de lis não tem igual, beleza singular.
Anabela, a musa daquela região,
Fazia os corações baterem mais forte, com paixão.
Todos os rapazes, da cidade, a desejavam.
Anabela, um raio de sol, que a todos encantava.
Tiago, o filho do prefeito, arrogante e altivo,
Com olhar de falcão, por ela suspirava.
Tiago com seu olhar de fogo,
sonhava em tê-la, como um troféu no topo.
Um belo dia, sob um céu azul e límpido,
Tiago planejou a festa, com um sorriso ávido.
No dia de São João, em meio à loucura,
Pediria a mão de Anabela, com toda a doçura.
Sob o sol de verão, no dia da festa,
Tiago, com o coração a mil, fazia a festa.
Bandeirinhas coloridas, fogueira acesa,
A noite prometia ser inesquecível, nessa.
Enquanto isso, João, em seu fiel corcel,
Cavalgava pela cidade, com um olhar terno e fiel.
Maravilha, seu companheiro, o levava a qualquer lugar,
Em busca de Anabela, seu amor a declarar.
A noite chegou, a lua brilhava intensa,
A festa de São João, um sonho suspenso.
Mas onde estava Anabela, a princesa?
Seu sorriso radiante, agora ausente.
João, ao ver a tristeza de Tiago,
Sentiu pena, mas também um alívio.
A noite seguiu, em meio ao desatino,
A festa de São João, sem nenhum motivo.
Tiago, abatido, não estava sozinho,
Outros pretendentes, com o coraçãozinho,
Cheios de esperança, ali se encontrava,
Mas a amada, em lugar algum, se achava.
Não só Tiago, com o coração partido,
João, o vaqueiro, e Pedro, o médico,
Cada um com seu anel, um sonho a ser vivido,
Esperavam por Anabela, a tão querida.
O ourives, porém, sorria à toa,
Vendo os anéis vendidos, uma boa.
Mas a festa, sem a noiva, era um fracasso,
Um baile sem rainha, um grande fiasco.
A noite se findou, a festa se desfez,
No coração de João, a esperança floresceu.
Dias após a decepção, um novo amanhecer,
Na praça central, o amor ia renascer.
O culto na igreja, um momento sagrado,
Onde João, com amor, seria agraciado.
A praça central, adornada com flores,
Testemunha seria de um dos maiores amores.
O domingo chegou, o sol a brilhar,
O culto na igreja, todos a esperar.
Trajes impecáveis, obra de Margarida,
Uma costureira famosa, na cidade querida.
O sino da igreja, badalando a fé,
A comunidade unida, em prece e nobé.
Vestidos de chita, chapéus de palha,
Na praça central, a devoção se espalha.
Sob o olhar atento da comunidade,
João se ajoelha, com o coração em calamidade.
Mas antes que a aliança brilhe no sol,
Tiago surge, imponente, qual um farol.
A praça em silêncio, o altar vazio,
Anabela ausente, num mistério sombrio.
Surge Catarina, amiga do passado,
Trazendo consigo um segredo guardado.
Sob a sombra da igreja, o sol a raiar,
Catarina, com a voz a tremer, começa a falar.
Um enigma a desvendar,
Uma escolha difícil, a alma a apertar.
"João e Tiago, amigos da infância,
Hoje o destino nos põe em uma dança."
"O tempo passou, a vida nos mudou,
Mas o amor que nos uniu, jamais se esvaiu.
Escolher entre vocês seria cruel,
Um elo quebrado, um sonho cai como véu."
"Que o destino decida, em uma prova justa,
Quem conquistará meu coração, que pulsa e pulsa.
Uma disputa pelo amor, em solo brasileiro,
Que o melhor cavaleiro vença, meu guerreiro."
Sob o céu ensolarado, a cidade a cultuar no domingo,
Anabela propõe um desafio a seguir, em seu domínio.
Uma disputa pelo amor, em um jogo incerto,
Quem chegar primeiro, será o seu amor certo.
A carta revelada, um segredo em flor,
Anabela apaixonada, por um amor de outrora?
João e Tiago, atônitos, sem saber o que fazer,
Vão atrás de Anabela, para seu amor entender?
Anabela, com um sorriso misterioso,
Espera pelos rapazes, em um duelo amoroso.
Tiago, em seu fusca, parte em disparada,
João em Maravilha, com a alma acelerada.
Thiago, em seu carro, parte em fuga veloz,
João em seu cavalo, com o coração feroz.
Sob o sol escaldante, a terra empoeirada,
Uma disputa acirrada, por Anabela amada.
Thiago no volante, com fúria e destreza,
João em seu corcel, com bravura e firmeza.
A poeira sobe, o vento sopra forte,
Tiago e João, em uma disputa da sorte.
O fusca veloz, serpenteando a estrada,
Maravilha galopando, com garra desmedida.
Em meio à poeira, João vê Tiago sumir,
Mas a chama da esperança, em seu peito a persistir.
"Para quem ama de verdade, não há desistência",
Pensa João, com força e determinação na mente.
O corpo dolorido, a mente a vacilar,
Mas o amor por Anabela, João a impulsionar.
Um último fôlego, um sprint final,
A linha de chegada, um futuro sem igual.
Sob o sol forte de meio dia, a fazenda se aproxima,
Thiago na frente, mas a vitória se esfria.
Porteiras travadas, um obstáculo a superar,
João em seu corcel, pronto para aproveitar.
A fazenda à vista, a esperança a florescer,
Mas porteiras pesadas, Tiago a deter.
João em Maravilha, com um sorriso ladino,
Vê a chance na demora, um destino repentino.
Com um salto preciso, Maravilha dispara,
Deixando Tiago para trás, em brasa.
O coração de João dispara, a vitória tão perto,
Anabela na varanda, com um sorriso aberto.
Na varanda aconchegante, Anabela a se questionar,
As memórias da infância, seu peito a apertar.
Brincadeiras e sorrisos, cumplicidade e união,
Um laço que o tempo não conseguiu apagar, não.
Lágrimas brotam nos olhos, a dor a dominar,
Anabela toma uma decisão, sem hesitar.
"Vocês são meus amigos, irmãos de coração,
O amor que nos une, jamais terá fim, não."
Sob o sol escaldante, a poeira invade o ar,
Tiago na frente, mas a dor a apertar.
Uma fisgada na coluna, o corpo a reclamar,
Mas a vontade de vencer, o faz continuar.
Maravilha dispara, como um raio a cintilar,
Pastos e cercas, nada o pode parar.
O vento em seus cabelos, a liberdade a cantar,
João em seu corcel, a vitória a alcançar.
Diante da varanda, Thiago surge em pé,
Mas a cena que encontra, o deixa sem ter fé.
Maravilha no cocho, João ao lado de Anabela,
Um golpe no coração, uma dor que flagela.
Em meio a lágrimas e conflito, Anabela se revela,
Um amor dividido, um coração que se desvela.
"Pelos dois, meu peito se acende em chama,
Uma escolha cruel, que me deixa em drama."
"Amo João e Tiago, com igual fervor,
Um segredo que guardava, em meu íntimo amor."
Anabela radiante, João em seus braços,
A vitória conquistada, em meio a abraços.
Mas no olhar de Anabela, um misto de emoção,
Felicidade por João, tristeza por Tiago, em profusão.
Banhado na luz solar do zênite, os três se reencontram,
Emoções à flor da pele, corações que se afrontam.
Anabela radiante, João em seu sorriso,
Thiago com o olhar triste, um futuro indeciso.
Com o tempo, a mágoa se cura, a amizade se fortalece,
João, Anabela e Thiago, unidos pela doce prece.
O amor verdadeiro floresce, em corações maduros,
Cada um em seu caminho, buscando seus futuros.
Com um sorriso triste, Thiago se despede,
"Seja feliz, Anabela", em seu coração concede.
João a acolhe em seus braços, um abraço apertado,
No lombo de Maravilha, o amor revelado.
Ao pôr do sol, a promessa se faz,
Um amor que floresce, em meio à paz.
Anabela e João, unidos pelo destino,
Em um futuro brilhante, escrevem seu fino.
Felipe Baierl, 2024
Em memória do meu avô, Salvador Marvila, cujas histórias inspiraram este conto. Com amor e saudade, dedico este conto ao meu avô, mestre das histórias e guardião da memória.
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